Um conceito bem objetivo de reverso é a desmontagem de um equipamento, produto ou peça para que suas partes sejam reaproveitadas ou recicladas conforme interesses ou demandas. O reverso se aplica desde um produto bastante complexo como um computador, até outro bastante simples como uma escova de cabelo, cujo cabo é fabricado em polipropileno e as cerdas em poliamida. A importância do reverso está em se obter de volta matérias primas na sua essência, evitando misturas híbridas com características indefinidas, supérfluas, efêmeras e, certamente, nocivas ao meio ambiente quando encerrada sua segunda vida. O desafio do reverso está em ser economicamente sustentável.
Nessa ultima década surgiram aplicações para plásticos misturados com o objetivo a dar destinação a essas matérias primas. São algumas delas: dormentes, peças para pisos de piscinas, mourões de cerca, bancos de parques e jardins... Peças, antes, fabricadas em madeira seguramente de reflorestamento. Essas misturas também são muito utilizadas, como: fontes de energia térmica, fabricação de tijolos, misturas asfálticas e argamassas.
Penso que esses recursos de destinação estão na contramão da vanguarda da reciclagem. Embora toda forma de reciclar seja apreciada é preciso estar atento a duas resultantes fundamentais: o que será feito com esse produto, finda essa segunda vida? Outra peça igual? Queremos então transformar nosso planeta num monte de pedaços de plásticos? Pois para outras aplicações estes plásticos não servirão. Ele é contaminado e frágil. Servem aquele propósito por que são peças grossas e por isso, resistentes. Quais matérias primas estão substituindo? Madeira? Papelão? Ambas inofensivas se depositadas no solo, têm degradação muito rápida e são de fontes renováveis.
O argumento de que o reverso é um processo de alto custo, sobretudo por sua dificuldade de mecanização e elevada incidência de mão de obra, coloca a reciclagem nos mesmos conceitos falidos da Revolução Industrial, com: produção em escala, mecanização e redução de mão de obra.
A reciclagem poderá ser uma das maiores fontes de geração de empregos das próximas décadas. Sua sustentabilidade econômica vai depender de três vértices fundamentais: o preço dos resíduos – que devem ser baixos levando em conta a correta destinação; o apoio dos governos – que devem levar em conta o retorno tributário que essas matérias primas terão se forem recicladas corretamente, e na geração de empregos; e, finalmente, das empresas ambientais que atuam com gestão de resíduos, que deverão monitorar os resíduos na pós-venda procurando dar orientações técnicas e apoio comercial para um reverso com o menor custo possível e ajudando no encontro de aplicações desses reciclados em produtos de maior valor agregado e, portanto, com maior poder de compra e maior preço de venda.
Bacharel em Comunicação Social e pós-graduado em Gestão Ambiental e História do Meio Ambiente.